quarta-feira, 11 de novembro de 2015

solidificada,
feita de gelo,
modificada
pela falta de zelo:
uma sofisticada
estátua de marfim.
a dureza no coração permanece,
o corpo-dia anoitece:
ausente tu em mim.

(chega a fingir que é dor, a dor que deveras NÃO sente)

terça-feira, 27 de outubro de 2015

jogo da ilusão

eu
você
o tabuleiro
e meu coração,
incertezas no ataque
mais um erro
e xeque-mate:
minhas cartas na mesa,
eu na sua mão

sexta-feira, 25 de setembro de 2015

a resposta:

Meu DeusMeu DeusPor que me abandonaste
(salmos 21:1)

– me tirastes do barro
  e então me abandonaste...

 te fiz de pó
  mas à lama voltastes
  quando Minha voz
  não mais escutastes
  e agora Me acusas
  e te considera a sós
  quando em verdade
  desprezastes o Nós
  e se afundastes em vaidade
  e agora, em culpa,
  consideras muito tarde.
  retoma teu caminho
  e encontrarás a felicidade


se olhares demasiado tempo dentro de um abismo, o abismo acabará por olhar dentro de ti
(Friedrich Nietzsche)

terça-feira, 15 de setembro de 2015

pascaliana

razão,
minha cara razão,
pelos poetas desprezada
em contraste
ao coração,
pelo imaginário
renegada
por não levar à ilusão,
pelas pessoas
ignorada
por não assistir
a emoção.
razão,
minha cara razão,
à ti
- e só à ti -
dedicarei meus sentidos
meus poemas
- que te livrarão
  do olvido -
e minha total
devoção.

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

poeminha politiqueiro e marítimo pseudo-existencial

nadando de rumo-encontro
ao desconhecido marino-eclipse
sem nunca alcançar o fundo
exploro a superfície
desse vasto-escuro mundo
de letras que mal me salvam
do que me mal me perde,
em plena-luz
nessa plena-selva
de plenos-poderes

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

          ar
  tarde mpida
 ainda vivo

terça-feira, 18 de agosto de 2015

mora
a nova
na próxima
porta
duas batidas
- espera -
meu coração dispara:
é ela.

-

(tem mais samba no encontro que na espera, season 2)

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

não quero escrever
não quero a palavra
quantificada
qualificada
concursada
comigo é tudo
ou nada,
dita essas palavras
disco teu número
e faço as malas

-

(tem mais samba no encontro que na espera)

terça-feira, 11 de agosto de 2015

narcisa

meu modesto pensar
à ti parece ego
para ti
cresço eu
mas (in)luminescente
estou em ponto cego,
e se a ti
eu te disseres
que cresço árvore
matéria mais viva
dos mais vivos seres?
acreditarias em mim
jugarias-me tola?
ou tu achas que
essa poça
- que tanto fito -
me atola?

(dito isso, caiu n'água e se afogou)

sábado, 8 de agosto de 2015

cambiar as estações
no câmbio monetário
por um pedaço de primavera
lá se foi meu salário

segunda-feira, 13 de julho de 2015

a cidade
vista do alto
nada mais é que
sonho e mato
nada mais que
um acumulado de gente
um emaranhado de pessoa
que pensa, que pulsa, que sente
que insiste que a vida é boa
e que segue em frente
repetindo com coragem
que a cidade é
apenas
cidade
- embora o que mova
essa engrenagem
não seja mais que
esta matéria humana
constituída de pó
e que mesmo sejam tantos
permaneçam em si
cada um
tão

domingo, 28 de junho de 2015

mortal

o bicho homem sabe
da efemeridade
do seu ser emocional

terça-feira, 23 de junho de 2015

solidão é
uma mão
que aperta
a sua
mão
em meio
à multidão

domingo, 12 de abril de 2015

quem dera
tudo híbrido
tudo quimera:
meio sobrevivendo
essa primavera
meio ignorando
a solidão
- essa pantera -
que mantém
o NÃO
sempre à espera.

sábado, 28 de março de 2015

às 17 horas
o céu desatou a nublar
na rua, as senhoras,
correram para suas casas:
as portas fechar
as roupas no varal a catar
o menino caçula a ninar.
minha mãe previu:
'hoje cai tempestade'
então escureceu
e toda a cidade
virou um breu
- sem eletricidade,
uma imensa catástrofe.
lá fora,
um maior temporal
dentro de mim, agora
(depois de lavar a alma
 e esperar secar,
 com calma)
faz um baita sol
enquanto vejo a chuva cair
no meu calor,
debaixo do lençol.

quarta-feira, 4 de março de 2015

prelúdio de um coração, que quer continuar na solidão.

[tua mão
 na minha
 mão
 não me causou
 um comichão
 ou ofegou
 minha respiração,
 muito menos
 acelerou
 meu coração.
 era
 - apenas -
 tua mão
 na minha
 mão]

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015

te falei
"só cinco sentidos"
me falaste
"dez
 -só no ouvido-
 e mais dez
 na descida para o umbigo
 e alguns quinze
 no nosso leito antigo"
te mostrei nos dedos
"tato, audição
 olfato, paladar
 e visão"
tu tomaste minha mão
acelerando meu coração
e na mesma oração
me despertou cinco mil
sentidos
e me mudou a opinião

terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

essa sangria:
que me corre
pelos braços
e me escorre
por entre as pernas
e me encobre
pelos lados.
essa quentura desgraçada
que me acolhe
[mal-humorada],
que de pó
me invada
e tão intensa,
vira nada.
um doido varrido
hoje
- na praça -
me disse
que estou
apaixonada,
mas internamente acho
que essa sangria desatada
é desejo e mais nada,
aquieto o facho
e vou pra casa

terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

sorte a tua
que apenas de corpo
eu estava nua
e de alma
estava embrulhada,
pois não manterias a calma
ao ver
tanta matéria bruta
tanta voluptuosidade
tanta astúcia
que choque de realidade
terias
ao perceber que
- mais que mulher -
sou amor
do alto da cabeça
ao dedo do pé

quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

tentativa de recitar Leminski:


    esse é um dos meus poemas preferidos do samurai curitibano, e foi um dos primeiros que aprendi, o vídeo tem uma qualidade baixíssima devido ao fato de ser da webcam e eu estou meio nervosa e me mexendo bastante, embora não saiba o motivo.
    pra quem não entendeu, vai o poema na íntegra:

você
que a gente chama
quando gama
quando está com medo
e mágua
quando está com sede
e não tem água
você
só você
que a gente segue
até que acaba
em cheque
ou em chamas
qualquer som
qualquer um
pode ser tua voz
teu zumzumzum
seixo solto
céu revolto
pode ser teu vulto
ou tua volta
(Paulo Leminski)

domingo, 25 de janeiro de 2015

um passo
e já não estou no mesmo lugar.
quem sou eu para negar o espaço?
quem sou eu para me negar?
quem sou eu do que faço?
devo ou não me sujeitar
ao que sobra de um abraço
às voltas que o mundo dá?

sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

te parece absurdo
que eu me faça de surdo
ao gemido
mudo
da tua boca quente
que me roça a nuca
e desce pelo ouvido
- quando minha lingua fugaz
vai da tua clavícula
ao mamilo?
não estou a te ignorar,
meu bem,
ao contrário
vou muito mais além:
deito a cabeça no teu peito
e escuto a ondulação
do pulsar errado e direito
do teu coração
você disse não
disse que não é não
que amava outro
- um tal João -
e que tinha entregado à ele
beijos, lábios, seios
e até o coração.

eu te disse que sim
disse novamente que sim
disse que a vida não é assim
que suas carícias, boca e peitos
eram pra mim
- e só pra mim -
e que teu coração
cor de carmim
e cheirando alecrim
não poderia ser do tal João,

e que apesar de que ele coubesse no seu não
dispensasse o tal rapaz
já que o meu coração não seria de ninguém
e ninguém mais.
e você disse que não
que não era só o joão
que nosso caso tinha ido longe demais:

"pegue os restos do seu coração
vá cada um pro seu canto, então,
e soframos a nossa dor
em paz"

sábado, 3 de janeiro de 2015

o céu nublado
não mais me traz nostalgia
e o certo e o errado
não mais me dá agonia
alívio dourado
que brilha com o dia